Marcia Candido Psicóloga

Transtorno Afetivo Bipolar: Características, Diagnóstico e Abordagem Terapêutica

Transtorno Afetivo Bipolar

O Transtorno Afetivo Bipolar (TAB) é caracterizado por oscilações significativas entre episódios de mania, hipomania e depressão. Essas variações de humor são mais intensas e duradouras que as mudanças normais do estado emocional, impactando de forma importante as funções cognitiva, emocional e social do indivíduo. Com a atualização do Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais (DSM-5-TR), alguns aspectos do diagnóstico do TAB foram revisados, refletindo novas evidências clínicas e de pesquisa.

Características do Transtorno Afetivo Bipolar

Segundo o DSM-5-TR, o TAB permanece dividido em dois principais tipos, mas com critérios diagnósticos que foram aprimorados para melhorar a precisão clínica:

                1.            Bipolar I: Caracterizado pela presença de ao menos um episódio maníaco, com ou sem a ocorrência de episódios depressivos. A definição de mania foi ajustada para enfatizar melhor as alterações comportamentais e cognitivas intensas que ocorrem durante esses episódios.

                2.            Bipolar II: Inclui episódios de depressão e hipomania, que é uma forma mais leve de mania, mas ainda impactante. O DSM-5-TR trouxe mais clareza na diferenciação entre hipomania e mania, facilitando o diagnóstico diferencial com o Bipolar I e outras condições.

Episódios maníacos, conforme os critérios revisados, são marcados por euforia extrema, aumento de energia, autoestima elevada, impulsividade e diminuição da necessidade de sono. Já os episódios depressivos envolvem tristeza intensa, desesperança, fadiga, além de alterações no apetite e sono.

Etiologia e Fatores de Risco

O transtorno é considerado multifatorial, envolvendo predisposição genética, desequilíbrios neuroquímicos e influências ambientais. A atualização do DSM-5-TR reforça a relevância de fatores genéticos e neurológicos, com destaque para neurotransmissores como dopamina, serotonina e noradrenalina. Eventos de vida estressantes, histórico de trauma psicológico e uso de substâncias também são fatores de risco associados ao desencadeamento dos sintomas.

Diagnóstico e Novos Critérios

A revisão do DSM-5-TR inclui orientações mais detalhadas sobre o diagnóstico do TAB, focando na distinção entre o TAB e outros transtornos do humor, o que ajuda a reduzir diagnósticos incorretos. Essa versão trouxe maior precisão nos critérios de frequência, intensidade e duração dos episódios para diferenciar melhor o TAB de outras condições psiquiátricas, além de incluir especificadores mais claros, como episódios com características mistas ou de ciclo rápido.

Tratamento Combinado

O tratamento do TAB é frequentemente combinado, unindo medicamentos e psicoterapia, a abordagem da psicologia que melhor tem resultado é a TCC.

Terapia Cognitivo-Comportamental (TCC): Foca na identificação e modificação de pensamentos disfuncionais e no desenvolvimento de estratégias para o manejo dos sintomas. Além da psicoeducação que incluem o paciente e seus familiares para promover o entendimento do transtorno e auxiliar no manejo do tratamento.

Por fim, a atualização do DSM-5-TR oferece novas diretrizes que contribuem para um diagnóstico mais preciso e um tratamento mais eficaz do Transtorno Afetivo Bipolar. A intervenção multimodal, combinando terapias farmacológicas e psicoterapêuticas, permanece a abordagem mais recomendada, proporcionando aos pacientes uma maior estabilidade e qualidade de vida. O acompanhamento contínuo é essencial, considerando a complexidade e variabilidade do TAB.

Fonte: American Psychiatric Association. (2022). Diagnostic and Statistical Manual of Mental Disorders (5th ed., text rev.). Washington, DC: American Psychiatric Association.